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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

EM FAVOR DA DESCOISIFAÇÃO DA PESSOA HUMANA.


Estava lendo uma notícia no Uol que relatava que um estudo feito nos EUA, chegou a conclusão de que adolescentes que utilizam o Facebook, estão mais propensos a desenvolver depressão.

Penso eu que, não apenas o Facebook, mas esse mundo de rede sociais existentes na web, aliados à insegurança que se tem de sair de casa, à falta de tempo devido ao trabalho excessivo e à política do "ter pra ser" está fazendo com que o ser humano esteja cada vez mais coisificado.

Uso esse termo (coisificação do ser humano) porque nós estamos cada vez mais dependentes de nossos bens materiais do que um dos outros. Se eu tenho algo material para oferecer, conseguirei amigos, namorada, amor, carinho. Hoje, encontramos todos nossos amigos no Facebook, ou seja, meu amigo é um computador. Os nossos pais, mesmo sem saber, nos dá uma visão patrimonialista do casamento, pois dizem: "meu filho ou minha filha, case só quando tiver uma casa para morar e um carro para andar!" Aí nós ficamos tão preocupados com isso que esquecemos como é bom desfrutar o amor a dois, o prazer das conquistas do casal.

Deixo claro que não sou contra a internet, nem às redes sociais que, por sinal, também uso e bastante. Sou contra a bitolação naquilo. Pessoas vivem tão conectadas ao mundo virtual que acabam criando uma vida que não tem, uma fantasia. Na internet é tudo mais fácil, vc coloca uma foto sua ao lado de uma Ferrari e fala que é o carro novo do seu pai; pega uma foto com uma modelo, monta no photoshop e diz que é sua namorada, e pronto, vive um mundo "feliz" cheio de mentiras. Outro dia vi um site que cria um perfil de uma namorada virtual no facebook para os solteiros. Esse site foi criado pq um gênio descobriu que quando o cara tem namorada as outras meninas, suas amigas, ficam mais atiçadas por ele. Tudo ilusão.

Veja o que diz em Eclesiastes 1.14: Atentei para todas as obras que se fazem debaixo do sol, e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito.

Quanto ao casamento, quero também deixar claro que não culpo os pais pela materialização do amor na casa, no carro, na carteira, etc. Eles apenas querem o nosso bem, e fazem o que fazem por amor. Nenhum pai quer que o filho sofra tudo o que ele sofreu.O que eles esquecem é que só chegaram onde chegaram, porque lutaram muito e passaram muitas dificuldades, ou seja, o sofrimento é necessário e, creio eu, inerente ao homem!

Eclesiastes 11.8 nos diz: Porém, se o homem viver muitos anos, e em todos eles se alegrar, também se deve lembrar dos dias das trevas, porque hão de ser muitos. Tudo quanto sucede é vaidade.

O mercado consumerista já descobriu uma coisa muito sutil e minuciosa. Eles sabem que o ser humano está cada vez mais materialista e que isso pode ser um dos fatores da depressão. Então a indústria e o comércio passou a vender sentimentos para as pessoas. Funciona mais ou menos assim, se eu estou deprimido, eu preciso de sentimentos, então vou ao shopping e volto pra casa com uma sacola cheia de coisas vazias.

Veja alguns slogans abaixo:

- "A vida é bonita, mas pode ser linda." O boticário (beleza)
- "Movidos pela paixão" Fiat (paixão)
- "Viver sem fronteiras" Tim (Liberdade)
- "Amo muito tudo isso." Mc Donald's (Amor)
- "Bem é estar bem." Natura (bem-estar)

Veja que as prateleiras estão cheias de sentimentos, prontos para serem comprados. O pior é que inconscientemente nossa mente guarda isso e, sem mais nem menos, nos vemos querendo comprar, e usamos a desculpa de que precisamos muito disso ou daquilo. Assim, a idéia de felicididade está tão atrelada a quantidade de bens materiais que se pode ter que vivemos em função disso e ainda ensinamos aos nossos filhos ou somos ensinados nessa doutrina consumerista.

A questão de oferecer sentimentos quando não se pode já chegou até a política. Imagine você que tem um projeto de lei do Senador Cristóvam Buarque, que quer tornar a felicidade um direito fundamental, constitucionalmente protegido e garantido. Imagina a zorra que vai virar o judiciário com processos que busquem a efetivação de um direito que não pode ser oferecido, pois é um sentimento! É um absurdo.

Se os políticos querem oferecer oportunidade de sermos felizes, basta que eles efetivem o direito à saúde, segurança e educação, o resto é conosco!
" toda vez que a lei ignora a realidade, esta se vinga e ignora a lei."
(Ripert)

Agora triste mesmo é ver que essa realidade já chegou na igreja, mas de forma inversa. A Igreja é única instituição que pode sim oferecer sentimento como amor, compreensão, companheirismo, felicidade, etc. Contudo, os caras (pastores), não todos, mas muito mais do que antes, estão oferecendo bens materiais aos seus fiéis! "Venham para Jesus e sejam prósperos, comprem uma casa, um carro, um barco, um jatinho, etc.", dizem eles.

Veja a discrepância, enquanto o comércio está oferecendo o que a igreja pode oferecer, a igreja está oferecendo o que eu posso encontrar no comércio.

É patente a necessidade de revermos os nossos conceitos quanto ao que é riqueza, qualidade de vida, casamento, e amoldarmos nossas ideias e sentimentos ao que realmente interessa, sob pena de nos tornarmos zumbis vagando na terra sem saber o que fazer nem pra onde ir.


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